Ouça a entrevista: http://www.fsa.br/imprensa/not%C3%ADcias/item/323-em-audit%C3%B3rio-lotado,-domenico-losurdo-lan%C3%A7a-livro-na-fsa
No último sábado, 13 de junho, o
filósofo italiano, Domenico Losurdo, palestrou no auditório da FAFIL,
que estava completamente lotado. O evento marcou também o lançamento de
suas obras mais recentes: A Luta de Classes - Uma História Política e
Filosófica e Marx e o Balanço Histórico do Século XX, pela Editora
Bontempo, e da Revista Cadernos de Ciências Sociais, n. 4, editada pelo
Colegiado de Ciências Sociais da FSA. Com um sotaque italiano muito
característico, somado aos gestos comuns com as mãos, que marcam os
italianos quando falam, seu discurso foi traduzido simultaneamente por
um intérprete que procurava passar a mesma emoção apresentada pelo
palestrante.
(veja as fotos do evento)
Esquerda brasileira e europeia -
Perguntado pela FSA sobre as diferenças da "esquerda" brasileira em
relação à europeia, o filósofo afirmou que na Europa, a esquerda ainda
sofre as consequências da queda do Muro de Berlin em 1989. Para ele,
desde então, a esquerda sofreu, e ainda tenta se recuperar. Losurdo não
vê uma luta anti-imperialista na Europa, como acontece no Brasil e na
América do Sul. "No Brasil, é o contrário. É muito forte o envolvimento
contra o imperialismo, e isto não existe mais na Europa neste momento",
comentou.
Sobre as imigrações ilegais na Europa –
A reportagem da FSA perguntou ao filósofo sobre o papel dos partidos de
esquerda para apoiar a onda de imigrantes ilegais na Europa, pois
somente no primeiro trimestre deste ano, cerca de 60 mil pessoas
chegaram ilegalmente à Europa, tudo isso causado pelos conflitos no
Oriente Médio (em especial o caos na Líbia e Síria); a pressão
demográfica na África; a crescente capacidade da indústria dos
traficantes de pessoas e as próprias dificuldades da UE para administrar
este problema.
Losurdo informou que há muita confusão
na esquerda neste momento sobre este tema. "A Europa tem uma obrigação
com estes povos, uma obrigação história e moral com todos os povos que
estão sofrendo. Os Estados Unidos e a Europa devem ajudá-los por conta
das guerras que promoveram nestes países", disse.
O filósofo afirmou ainda que a única
solução para estes países é por meio de um desenvolvimento econômico e
social. "Deve acontecer um espírito de solidariedade para com estes
imigrantes e a obrigação da esquerda é a de expressar toda a
solidariedade e também a de acompanhar para que seja construído um
desenvolvimento real nestes países, mas sem as ameaças de intervenção da
OTAN", finalizou.