Postado por forum21 em 28/mar/2016
Caros colegas,
Vivo e trabalho em Paris há 15 anos, e como colaboradora da mídia brasileira (Carta Maior e Carta Capital), vejo com espanto a parcialidade que a imprensa francesa tem manifestado diante da situação política atual do Brasil, onde um golpe de Estado jurídico-midiático está em curso.
Pude ler artigos na imprensa portuguesa (Politico), na imprensa alemã (Der Spiegel) e na imprensa argentina (Pagina12), além dos excelentes artigos do jornalista americano Glenn Greenwald, na revista online The Intercept. Os jornais franceses (excetuando-se L’Humanité e Mediapart) não estão à altura de sua história e fazem uma cobertura parcial e superficial, limitando-se a seguir a storytelling da imprensa brasileira, que designou como inimigos para serem destruídos a presidenta Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula e o Partido dos Trabalhadores.
Esperávamos do Le Monde e do Libération uma cobertura mais imparcial.
O artigo abaixo, em francês, informa em profundidade a evolução das manifestações de rua e o crescimento de uma direita que ultrapassou todos os limites. Aliados a uma imprensa majoritariamente de direita, segmentos da direita brasileira defendem o ódio e a destituição da presidente eleita, sem que se tenha provado nenhum delito para justificar o processo de impeachment.
http://www.cetri.be/Un-Tea-Party-tropical-La-montee-en?lang=fr
Abaixo pode ser encontrado o link do jornal alemão Der Spiegel que relata com precisão a crise política brasileira.
http://www.spiegel.de/politik/ausland/brasilien-hexenjagd-auf-lula-ein-kalter-putsch-kommentar-a-1083218.html
O filósofo Vladimir Safatle publicou na Folha de São Paulo um artigo que resume a percepção de toda a esquerda brasileira : um golpe de Estado está em marcha.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/vladimirsafatle/2016/03/1753928-um-golpe-e-nada-mais.shtml
A carta de solidariedade com o presidente Lula, uma iniciativa do Forum21, foi assinada por diversos intelectuais franceses entre os quais Etienne Balibar:
Alba Carosio (Universidade Central da Venezuela)
Angel Quintero Rivera (Universidad de Puerto Rico)
Aníbal Quijano (Sociólogo, Peru)
Arturo Escobar (Universidade da Carolina do Norte, EUA)
Atilio Borón (sociólogo argentino)
Baltazar Garzón (Juiz aposentado, Espanha)
Boaventura de Sousa Santos (Universidade de Coimbra, Portugal)
Carmen Beramendi (Diretora da FLACSO, Uruguai)
Daniel Filmus (Ex-ministro da Educação, Argentina)
Domenico Losurdo (Filósofo italiano)
Eduardo A. Rueda (Professor da Pontificia Universidad Javeriana, Colômbia)
Eduardo Rinesi (Ex-reitor da Universidade de General Sarmiento, Argentina)
Fernanda Saforcada (Diretora Académica do Clacso, Argentina).
Fernando Mayorga (Universidad Mayor de San Simón, Bolivia)
Florencia Saintout, (Universidade Nacional de La Plata, Argentina)
Gabriela Diker (Reitora da Universidad de General Sarmiento, Argentina)
Gerardo Caetano (Universidad de la República, Uruguai)
Horacio A. López. (Subdiretor Centro Cultural de la Cooperación, Argentina.)
Ignacio Ramonet (Jornalista, França)
Jorge Beinstein (Economista, Argentina)
Juan Carlos Monedero (Universidade Complutense, Espanha)
Julian Rebon (Membro do Comitê Diretivo do Clacso, Argentina)
Leonardo Padura (Escritor Cubano)
Leticia Salomón (Universidad Nacional Autónoma de Honduras)
Luciano Concheiro (Universidad Autónoma de México)
Mario Burkun (Economista, Argentina)
Nicolás Trotta (Reitor da UMET, Argentina)
Pablo Gentili (CLACSO, Argentina)
Pablo González Casanova (Universidad Nacional Autónoma do México)
Partito della Rifondazione Comunista (Partido italiano)
Pierre Laurent – Secretario Nacional do PCF e Presidente do Partido da esquerda Européia
Raúl Zaffaroni (Ex-juiz da Suprema Corte de Justiça, Argentina)
Rita Segato (Intelectual feminista, Argentina)
Suzy Castor (CRESFET, Haití)
Assina,
Leneide Duarte-Plon
http://www.forum21.org.br/2016/03/28/carta-aberta-aos-jornalistas-franceses/