Em visita à sede nacional do PCdoB, na tarde desta sexta-feira (13/10), o filósofo e escritor italiano Domenico Losurdo trocou impressões sobre a situação internacional e o segundo turno das eleições presidenciais no Brasil.
No país para o lançamento de dois livros bastante críticos da ideologia liberal-burguesa, muito à vontade, Losurdo conversou com os dirigentes comunistas Renato Rabelo, Adalberto Monteiro, Walter Sorrentino, Ronald Freitas e Augusto Buonicore. Adalberto e Sorrentino deram-lhe as boas vindas - os dois ressaltando o importantíssimo significado de identidade teórica com inúmeros dos pontos de vista nossos.
A respeito do novo quadro político da Itália, o escritor e membro do Partido da Refundação Comunista disse que, a partir da assunção de Romano Prodi à presidência da República, houve a formação de um governo de centro-esquerda. Trata-se ''de uma coalizão extremamente ampla'', que poderia ser exemplificada pela própria presença de seu partido no governo e do denominado Partido Radical, ''vinculado a posições defendidas pelos Estados Unidos e, noutros aspectos, a Israel''.
De acordo com o professor de Filosofia Política (Urbino, Itália), essa ampla coalizão, todavia, não tem diluído uma postura de maior independência, com contradições, frente aos Estados Unidos: ao tempo em que o novo governo representa o oposto do elogio ao fascismo que fazia o ex-presidente Berlusconi. ''Ele afirmou que os comunistas fizeram muito mais mal do que Mussolini!'', comentou Losurdo.
Destacando com entusiasmo a resistência, sob Berlusconi, das massas populares italianas às tentativas de desmonte do Estado de Bem Estar Social - ''mobilizamos 3 milhões de pessoas nas ruas'', sorriu o professor -, ele demonstrou preocupação com certos sinais de (possível) maior fragmentação do movimento comunista italiano. Para Losurdo, em isso se verificando, seria péssimo, pois logo agora ''percebe-se em nosso país o declínio das posições neoliberais''.
Após uma sintética apresentação do quadro político brasileiro, feita por Adalberto, Losurdo, muito atento ao que se passa por aqui, quis saber algo do expressivo crescimento econômico argentino e venezuelano. Lembrou-se, ao revés, do baixo crescimento do Brasil e de nossas opiniões críticas da gestão macroeconômica da política econômica, desde o início do primeiro governo Lula.
E, finalmente instado a opinar sobre a nossa grande batalha eleitoral, o professor Domenico Losurdo brindou-nos com a seguinte declaração, acentuando que a fazia como um observador externo:
''Creio que a vitória de Lula reforçará o movimento antiimperialista que está se desenvolvendo na América Latina e no mundo. E deste ponto de vista eu desejo de todo o coração a vitória de Lula e a derrota das forças imperialistas que querem colocar fim à experiência do governo Lula.''
Boa viagem e volte sempre, caro professor Losurdo! Ou como disse Adalberto Monteiro: ''Abrimos as nossas portas e os nossos corações, quando aqui vieres, professor''.
* Sérgio Barroso é membro do Comitê Central do PCdoB